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Às vezes se faz necessário caminharmos contra a corrente para descobrirmos a nós mesmos. O exercício se resume em olhar nos olhos daquele que vem ao nosso encontro!

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

O AMOR É UMA ARTE



Este não é um livro comum, desses que se encontra em livrarias, bancas de revistas e supermercados. Este é um livro muito especial, diferente em todos os aspectos que o envolve, e que envolve seus escritores.
Para escrevê-lo, antes de tudo, se fez necessário vivê-lo. Experienciar a veracidade dos fatos. Submetê-los à prática do cotidiano, de tal modo que não houvesse mais dúvidas (não que houvesse!) quanto à sua eficácia na vida dos autores e das pessoas com as quais se relacionam.
Esta é uma obra que nasceu da vida para a vida. Uma experiência que ficará marcada para sempre na memória daqueles que, crianças(*) ou não, tiveram a coragem de dar o seu sim e comprovar que o amor é um instrumento poderosíssimo, capaz de transformar as pessoas e o meio onde vivem.

Portanto, não o convido a lê-lo somente. Convido-o a experienciá-lo, a vivê-lo, tal qual fizeram seus autores: derramando sobre o mundo que o cerca pequenas gotas de amor, que para muitos, significará um oceano.


Ouça o silêncio daqueles que te cercam;
Há nele um grito que ecoa.
Ao ouvi-lo, entenderás como deves proceder em teu auxílio.
Caso não o ouças, faças tu o silêncio necessário’.

Nivaldo Donizeti Mossato
Coordenador e organizador


(*) Todas as crianças (co-autores) que participam desta obra foram devidamente autorizadas pelos seus respectivos pais, e/ou responsáveis, preservando assim, seus direitos e cidadania.


Transformar a escola num lugar de aprendizado para a vida é o grande desafio de todo educador. O ‘Projeto Dado do Amor’, criado por Chiara Lubich e desenvolvido nesta escola pelo empresário e acadêmico em psicologia Nivaldo Donizeti Mossato e sua equipe, é uma ferramenta pedagógica que resgata a capacidade do ‘relacionar-se com o próximo’ de forma a restituir a dignidade, o amor próprio e o direito ao aprendizado.
O presente livro é um mosaico de experiências díspares, sobre “atos de amor” realizados por alunos da 5ª série G, do período vespertino, da Escola Estadual Professor Francisco José Perioto.
Os textos aqui reunidos acentuam as marcas do já vivido, dos percursos feitos e do resgate a valores esquecidos ou pouco praticados como respeito e amor ao próximo.
Trata-se de uma obra que não deixará leitor algum indiferente, pois mostra que é possível estimular o amor ao próximo através de ações simples, a fim de traçar com firmeza os caminhos do futuro, superando desafios que fortaleçam a conquista de uma pedagogia que preconize a união, o afeto e a grandeza de viver para além do individualismo.
Esperamos que apreciem o resultado.


Professora Sandra Freitas de Carvalho
Diretora da Escola Estadual Prof. Francisco José Perioto
Município de Mandaguaçu - Paraná

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Algumas percepções dos professores que atuam na sala de aula do projeto
No início do ano letivo nos deparamos com uma realidade muito difícil
entre os alunos (...).
Eles eram agressivos, indisciplinados, desobedientes, não tinham limites e recusavam contatos físicos: carinho, abraços ou um simples toque.
Gritavam, falavam muito alto e podíamos perceber que havia sentimentos de muita rejeição e auto-imagem negativa.
Era quase impossível falar com eles, dar um recado, e dar aula com qualidade.
Tanto que as notas do 1º bimestre foram um arraso, muito baixas.
No início do 2º bimestre, já havíamos conquistado um pouco da confiança de muitos, e eles já estavam mais acessíveis, começando a ouvir.
Após o inicio do ‘Projeto Dado do Amor’,
fomos percebendo grandes melhoras nas notas,
na confiança e o comportamento em sala mudou consideravelmente.
Eles estão mais amorosos, carinhosos e também mais estudiosos.
É visível a melhora no desempenho,
nos relacionamentos e no comportamento de muitos alunos.

Cilene Gomes Bonilha e Claudete Marques Arnout
Equipe pedagógica
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O projeto “Dado do Amor” tem como objetivo melhorar a auto-estima dos alunos e promover a socialização mínima necessária para uma convivência harmoniosa, em que a pratica pedagógica seja eficiente.
As mudanças comportamentais esperadas virão a longo prazo, mas algumas atitudes favoráveis já foram percebidas, tais como companheirismo, solidariedade e a cooperação no trabalho em grupo.
E com certeza com a continuidade do projeto todas as perspectivas serão alcançadas.


André Alexandre Valentini
Professor de História
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Algumas experiências que marcam as páginas deste livro e a vida dos seus autores
Moro com minha avó há dez anos.
Eu não sabia o valor de um ato de amor até que comecei a praticá-los.
Percebi que estava acordando muito tarde, e não sobrava tempo para ajudar minha avó.
Resolvi então acordar mais cedo.
Confesso que foi um pouco difícil, pois sou um pouco preguiçosa.
Mas por outro lado está sendo muito bom para mim e para ela,
pois estou conseguindo ajudá-la.
Toda vez que a ajudo, sinto uma paz imensa no meu coração.
Foi então que percebi que um pequeno ato de amor pode mudar muitas coisas em nossas vidas.
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Todo ano eu ganho muitos brinquedos e roupas da patroa da minha mãe
e não tinha o costume de ‘partilhar’.
Compreendendo a necessidade de colocar as coisas ‘em comum’,
resolvi fazer diferente.
Peguei duas sacolas e coloquei as roupas em uma e os brinquedos em outra
e doei para uma menina que sempre encontro na igreja.
Ela gostou muito e eu pude exercitar na prática o ‘amor ao próximo’,
principalmente por que dei o que mais gostava para Jesus naquela menina.
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Minha mãe trabalha na casa de uma vizinha dois dias na semana.
Para ajudá-la vou buscar minha irmãzinha na escola, e às vezes, também vou buscar o leite. Sempre que vou ajudar meus pais eu me lembro de fazer por amor.
Faço tudo com muita alegria sabendo que isso é um ato de amor para com eles.
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Moro num sítio com meus pais e vou à escola de ônibus.
Conheci dois irmãos, um de dois anos e um de cinco.
O mais novo sempre acaba caindo quando vai descer do ônibus.
Então, todos os dias eu pego o menino no colo e desço com ele.
Fazendo este ato de amor para Jesus naquele menino, me sinto muito bem.
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Eu havia comprado dois pacotes de Chips,
um para comer na escola e outro para levar para casa.
Quando abri o primeiro pacote vi que um menino ficou olhando.
Ofereci a ele com a intenção de fazer um ato de amor.
Ele aceitou rapidinho, mas pegou um ‘pouquinho de nada’.
Disse-lhe que poderia pegar mais porque eu não conseguiria comer sozinho. Ele gostou da ‘idéia’ e acabamos por repartir o pacote todo.
Acredito que esse ato de amor tenha sido muito ‘gostoso’ para ele.
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Meu irmão estava com dificuldades em fazer as tarefas da escola.
Resolvi ajudá-lo, pois queria fazer um ato de amor para ele.
Foi muito difícil por que ele não aceitava minha ajuda.
Minha mãe falou com ele, então deu tudo certo.
Às vezes precisamos ‘insistir muito’ para poder amar.
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O LIVRO
A idéia de escrevermos um livro, relatando as experiências propostas pela Arte da Amar, vivenciadas pelas crianças da escola, reascendeu a chama do amor no coração dos alunos. Resgatou a possibilidade de realizarem um projeto que, até então, em seus pensamentos, só era possível para ‘gente grande’, ou seja, pessoas adultas com um certo grau de estabilidade econômica/financeira, que pudessem bancar a edição, ou aqueles que, de um jeito ou de outro, eram patrocinados.

Tal como a boa semente plantada em terreno fértil, em uma semana as experiências começaram a brotar: pequenos atos de amor eram vivenciados, e a luz, comunicada através de pequenos escritos. Viver e comunicar passaram a ser as palavras de ordem. Em pouco mais de sessenta dias já tínhamos o material suficiente para organizarmos o livro. Material colhido de inúmeras experiências de amor ao próximo, vivenciadas pelos alunos da quinta série ‘G’, que foram aos poucos transformando a realidade da sala de aula, proporcionando um ambiente mais tranqüilo e organizado, propício ao aprendizado.

Experiências que, muito além das paredes ou muros da escola, emergindo entre os familiares, amigos e até mesmo inimigos, fizeram surgir um novo estilo, uma nova forma de se relacionar com o outro: vê-lo como um igual, com novos olhos, sob um novo prisma. O próximo deixou de ser um obstáculo, um empecilho, um inimigo a ser vencido. Passou agora a ser uma meta, um objetivo a ser alcançado. Não mais um obstáculo, mas um instrumento de amor. Não mais um empecilho, um fardo a ser carregado, mas um trampolim, uma alavanca, uma força que nos impulsiona em direção ao nosso objetivo maior: realizar a unidade entre os homens.

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