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Maringá, Paraná, Brazil
Às vezes se faz necessário caminharmos contra a corrente para descobrirmos a nós mesmos. O exercício se resume em olhar nos olhos daquele que vem ao nosso encontro!

segunda-feira, 29 de março de 2010

A ARTE DE AMAR - UMA EXPERIÊNCIA NA ESCOLA

O DADO DO AMOR PARA IMPRIMIR, RECORTAR, COLAR E JOGAR. DIREITOS RESERVADOS À EDITORA CIDADE NOVA: www.cidadenova.org.br e MOVIMENTO DOS FOCOLARES; www.focolare.org



Não poderia ser diferente: tudo começou quando decidi fazer um pequeno ato de amor para uma colega de curso que veio transferida de uma outra faculdade.
Eu havia percebido, já há alguns dias, que ‘aquela pessoa’, cujo nome eu ainda não sabia, aparentava estar cada vez mais triste. Aproximei-me na intenção de ‘ser amor’ para ela e ouvi-la; quem sabe poderia ajudar.
Perguntei-lhe se estava com algum problema e ela me falou da situação pela qual estava passando: havia começado a dar aulas numa escola de ensino fundamental na periferia de uma cidade próxima a Maringá-Pr. no início do ano. Já era meados de abril e ela ainda não havia conseguido interagir com os alunos, nem cumprir a proposta pedagógica.
A sala era muito desordeira, briguenta, não queriam fazer nada além de bagunça e falar palavrões. Isso a estava deixando frustrada como professora iniciante e já pensava em abandonar aquela experiência. Para permanecer na sala, tinha que chavear a porta, e mesmo assim, se descuidasse, havia alunos que fugiam pela janela. A violência e a sexualidade estavam muito afloradas, acima de qualquer normalidade. Ela não sabia mais o que fazer.
Falei-lhe, então, do Projeto do Dado do Amor; uma iniciativa de Chiara Lubich(1920-2008), fundadora do Movimento dos Focolares, que visa promover, através da fraternidade e do amor recíproco, uma mudança de comportamento social. A dinâmica consiste na vivência dos seis aspectos da Arte de Amar, estampados nos vértices de um dado. Joga-s
e o dado e procura-se vivenciar a frase sorteada. Esta experiência está sendo realizada em escolas de vários países, com excelentes resultados. Ela ficou interessada e coloquei-me à disposição para ajudá-la, desde que, autorizados pela direção da escola; o que não demorou acontecer.
O primeiro dia foi muito difícil,separei seis brigas na sala e foi impossível falar com eles. Ao terminar o horário eu estava exausto. Mesmo assim fui falar com a diretora, que já me esperava aflita, perguntando: você vai voltar?
Confesso que naquele momento a vontade era de desistir. Mas fechei os olhos e vi Jesus que clamava em cada uma daquelas crianças. Respondi: é claro que eu volto!
No segundo dia, cheguei na escola com uma frase no coração: 'realizar a vontade de Deus no momento presente'. Uma luz parecia indicar um novo caminho. Adotei outra estratégia. Fiz pequenos grupos de cinco alunos e consegui dar o primeiro passo, criando vínculos com cada um. Não falei do dado, por enquanto, só contei-lhes minhas experiências (muitas) e ensinei-lhes a fazer pequenos atos de amor. Repeti a estratégia várias vezes até conseguir que eles me ouvissem na sala de aula.
Imprimi alguns desenhos de cachos de uva e fiz-lhes uma proposta: 'para c
ada ato de amor que fizessem para o próximo, poderiam pintar uma uva. A professora iria, todos os dias, ouvir estas experiências e compartilhar com todos. Cada ato de amor vivenciado, dava o direito de transcrever a uva pintada para um painel maior, colocado na parede da sala, para que todos pudessem visualizá-lo'.
A cada encontro, os entregava a Jesus e os amava intensamente. Procurava senti-los em suas dores e necessidades. Abraçava cada um, em particular, e deixava que percebessem que podiam confiar.
O amor começou a circular. Os atos de amor começaram a surgir, um a um. A professora os acolhia e os levava à luz na sala. Quanto mais amavam, mais se sentiam amados e mais se doavam uns aos outros. Na quarta semana, as zeladoras da escola já diziam: a sala da Rosana nem parece a mesma, nem precisava limpar.
Um dia duas alunas vieram mais cedo para fazer um ato de amor para a professora: limparam a sala, arrumaram os armá
rios e as cadeiras. Foi uma grande surpresa para todos.
Outro dia, saiu uma briga na sala vizinha. A professora não conseguia conter a turma e pediu ajuda à professora da 'nossa' sala. Ao sair, pediu aos alunos que ficassem sentados e copiassem a matéria do quadro. No entanto, esqueceu de 'chavear' a porta. Ao retornar, vinte minutos depois, deparou-se com um silêncio absoluto. Sentiu as pernas tremerem ao lembrar que não havia fechado a porta e pensou que todos haviam ido embora, como sempre acontecia. Abriu a porta e deparou-se com uma nova realidade: 'todos os alunos estavam sentados, em silêncio, fazendo a cópia do quadro'. Ela chorou ao ver a cena e agradeceu a Deus por poder presenciar aquele momento.
Cada dia que passava percebíamos que 'um esforço de amor' se fazia presente na vida de cada criança. Eles queriam melhorar. Praticavam as experiências e começaram a 'contaminar' os coleguinhas das outras salas de aula.
Estendemos o projeto para as famílias dos alunos, reunindo os pais
uma vez por mês para sabermos como era a realidade familiar de cada um. Aos poucos, percebíamos que os pais também sentiam que havia 'algo de novo acontecendo' com aquelas crianças.
O aprendizado e as notas começaram a melhorar, progressivamente.
Como insentivo, fomos passear num centro de diversão infantil. O passeio foi patrocinado por algumas empresas que acreditaram no projeto e nos auxiliaram. Este momento ímpar na vida daquelas crianças contribuiu para que os laços de amor e reciprocidade que nos unia ficassem ainda mais fortes, dando sustentabilidade às ações que fazíamos em sala de aula para garantir o conteúdo didático. A professora era o ponto mais forte desta conecção. Vivia plenamente a 'arte de amar' com seus alunos, ao ponto de despertar o interesse de seus filhos e esposo, que com o passar do tempo, passaram a vivenciar também esta experiência. Ela não esperava ser amada. Amava por primeiro e compartilhava os resultados da sua vivência. Um amor tão forte que superou todas as dificuldades e fez brotar na sala de aula um clima de paz e harmonia. "No início - comentou a professora - eu não acreditava que este projeto poderia dar algum resultado positivo. Mas na medida em que os 'atos de amor' aconteciam eu percebia que alguma coisa mudava no comportamento deles. Quando aconteceu comigo, que fizeram vários atos de amor para mim, e, passaram a prestar mais atenção nas aulas, organizavam a sala, respeitavam-se e compartilhavam o lanche, material didático e brinquedos, percebi que era realmente pra valer. Não dava mais para duvidar". No segundo semestre implantamos o projeto em todas as salas do período da tarde, com resultados surpreendentes. Dois meses depois, uma exposição de cartazes coloriu as paredes da escola. Neles, as crianças 'contavam' através de desenhos e figuras, seus atos de amor, contribuindo assim com a propagação de suas experiências, levando outras crianças a 'imitarem' seus gestos. Outros voluntários do Movimento dos Focolares aderiram ao projeto, doando algumas horas do seu dia para estarem com aquelas crianças e com seus familiares. Iniciamos um ciclo de visitas para levar a 'boa nova' às famílias, numa tentativa de integrá-las com a escola. A experiência 'rompeu os muros' da escola. Os atos de amor das crianças passaram a serem reconhecidos pelos pais, que, nas reuniões davam seus depoimentos: 'percebi que meu filho estava diferente. Fazia coisas que normalmente não fazia, como juntar a louça, ajudar com os afazeres da casa (...) até abraços eu ganhei (...)'. Mesmo nas salas que eram tidas como as mais 'comportadas' os atos de amor faziam a diferença. Uma professora nos confidenciou: 'os alunos passaram a compartilhar seus pertences, a se preocuparem mais com o coleguinha e a ajudarem-se mutuamente nas tarefas (...) melhorou a organização e limpeza da sala e diminuiram os conflitos'. Com o passar dos meses, outras escolas do município queriam participar, implantando o projeto em suas turmas, principalmente naquelas com um maior índice de conflitos. Aos poucos, fomos nos 'ajustando' a esta realidade e atendendo, na medida do possível esta nova demanda. Numa destas escolas, na turma de quinta série, nasceu a realidade de escrevermos um livro. Os alunos faziam suas experiências e as relatavam em pequenos escritos. Na medida em que vivenciavam a Arte de Amar, transformavam suas realidades, melhorando a si mesmo e ao meio a que pertenciam. Estas experiências de amor foram transcritas no livro "O Amor é uma Arte - A Fraternidade como Instrumento Pedagógico", que hoje é utilizado para difundir o projeto nas escolas da região. Mais uma vez o amor rompeu fronteiras, e a experiência chegou à catequese. Mais de quarenta catequistas do município de Mandaguaçu participaram de um encontro de formação para implantarem o projeto do 'Dado do Amor'.


A história continua...na vida de cada um que, na sua medida, é capaz de olhar para fora de si, na direção do outro, e encontrar Jesus!


terça-feira, 9 de março de 2010

NOS BRAÇOS DE CRISTO

Recebi este texto via e-mail. O autor é desconhecido, porém, a mensagem nos leva a uma profunda reflexão. Vivenciei por várias vezes situações semelhantes, e, posso lhes afirmar: 'A Alma Humana é Repleta do Divino'. Basta-nos estarmos 'conectados' para percebê-la, e, tocá-la









Éramos a única família no restaurante com uma criança.

Eu coloquei Daniel numa cadeira para crianças e notei que todos estavam tranqüilos, comendo e conversando.
De repente, Daniel gritou animado, dizendo: 'Olá, amigo!', batendo na mesa com suas mãozinhas gordas.
Seus olhos estavam bem abertos pela admiração e sua boca mostrava a falta de dentes.
Com muita satisfação, ele ria, se retorcendo.
Eu olhei em volta e vi a razão de seu contentamento.
Era um homem andrajoso, com um casaco jogado nos ombros,
sujo, engordurado e rasgado.
Suas calças eram trapos com as costuras abertas até a metade e seus dedos apareciam através do que foram, um dia, OS sapatos.
Sua camisa estava suja e seu cabelo não havia sido penteado por muito tempo.
Seu nariz tinha tantas veias que parecia um mapa.
Estávamos um pouco longe dele para sentir seu cheiro, mas asseguro que cheirava mal.
Suas mãos começaram a se mexer para saudar..
'Olá, neném. Como está você?', disse o homem a Daniel.
Minha esposa e eu nos olhamos:
'Que faremos?'.
Daniel continuou rindo e respondeu, 'Olá, olá,amigo'.
Todos no restaurante nos olharam e logo se viraram para o mendigo.
O velho sujo estava incomodando nosso lindo filho.
Trouxeram a comida e o homem começou a falar com o nosso filho como um bebê.
Ninguém acreditava que o que o homem estava fazendo era simpático.
Obviamente, ele estava bêbado.
Minha esposa e eu estávamos envergonhados.
Comemos em silêncio; menos Daniel que estava super inquieto e mostrando todo o seu repertório ao desconhecido, a quem conquistava com suas criancices.
Finalmente, terminamos de comer e nos dirigimos à porta.
Minha esposa foi pagar a conta e eu lhe disse que nos encontraríamos no
Estacionamento.
O velho se encontrava muito perto DA porta de saída.
'Deus meu, ajuda-me a sair daqui antes que este louco fale com Daniel', disse orando, enquanto caminhava perto do homem.

Estufei um pouco o peito, tratando de sair sem respirar nem um pouco do AR que ele pudesse estar exalando.

Enquanto eu fazia isto, Daniel se voltou rapidamente na direção onde estava o velho e estendeu seus braços na posição de 'carrega-me'..
Antes que eu pudesse impedir, Daniel se jogou dos meus braços para os braços do homem.
Rapidamente, o velho fedorento e o menino consumaram sua relação de amor.
Daniel, num ato de total confiança, amor e submissão, recostou sua cabeça no ombro do desconhecido.
O homem fechou os olhos e pude ver lágrimas correndo por sua face.
Suas velhas e maltratadas mãos, cheias de cicatrizes, dor e trabalho duro, suave, muito suavemente, acariciavam as costas de Daniel.
Nunca dois seres haviam se amado tão profundamente em tão pouco tempo.
Eu me detive, aterrado. O velho homem, com Daniel em seus braços, por um momento abriu seus olhos e olhando diretamente nos meus, me disse com voz forte e segura:

'Cuide deste menino'.

De alguma maneira, com um imenso nó na garganta, eu respondi: 'Assim o farei'.
Ele afastou Daniel de seu peito, lentamente, como se sentisse uma dor.
Peguei meu filho e o velho homem me disse:

'Deus o abençoe, senhor. Você me deu um presente maravilhoso'.

Não pude dizer mais que um entrecortado 'obrigado'.
Com Daniel nos meus braços, caminhei rapidamente até o carro.
Minha esposa perguntava por que eu estava chorando e segurando Daniel tão fortemente, e por que estava dizendo:

'Deus meu, Deus meu, me perdoe'.

Eu acabava de presenciar o amor de Cristo através da inocência de um pequeno menino que não viu pecado, que não fez nenhum
juízo; um menino que viu uma alma e uns adultos que viram um montão de roupa suja.
Eu fui um cristão cego carregando um menino que não o era.
Eu senti que Deus estava me perguntando:

'Estás disposto a dividir seu filho por um momento?', quando Ele
Compartilhou Seu Filho por toda a eternidade..

O velho andrajoso, inconscientemente, me recordou:

Eu asseguro que aquele que não aceite o reino de Deus como um
Menino, não entrará nele.' (Lucas 18:17).

Paz e bem!