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Às vezes se faz necessário caminharmos contra a corrente para descobrirmos a nós mesmos. O exercício se resume em olhar nos olhos daquele que vem ao nosso encontro!

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

PLANTAR E COLHER

José Mossato *23/06/1922 +24/01/2009





Este texto é uma homenagem ao meu velho pai (in memorian), cujos últimos dezessete anos de sua vida foram em minha companhia.

(...) À sombra da mangueira, as crianças paravam para ouvir o velho guerreiro que, amarrado às suas lembranças, tecia em palavras as teias da sua vida: “Nasci neste local, em 23 de junho de 1922. Esta casa ainda não existia. Ela começou a ser construída quando eu já tinha de quatro para cinco anos. Isso tudo era mato. Meu pai plantou esta mangueira muitos anos depois, um pouco antes de partir para o paraíso. Lembro-me como se fosse hoje. Ele já estava bastante velho, e tantos anos trabalhados de sol-a-sol haviam lhe deixado muitas cicatrizes pelo corpo. Tinha uma saúde de ferro, embora aparentasse ser muito mais velho que realmente era. Um certo dia ganhou de uma senhora à qual ele sempre ajudava, uma cesta cheia de mangas. Repartiu-as com os filhos e depois de comer algumas, resolveu plantar um ‘caroço’. Deixou-o secar por dias. Fez a cova, preparou a terra, e quando ia plantá-lo, curioso eu lhe perguntei: - “Pai, o senhor acredita mesmo que um dia ainda irá comer desta fruta? Acredita que vai sobreviver à natureza desta planta que no mínimo vai demorar cinco anos para dar os primeiros frutos?”
Ele me respondeu:
– “Filho, não importa a época em que o fruto vem. É necessário primeiro que se plante. Não é importante quem comerá do fruto ou usufruirá a sombra. O que importa é o que você plantou. Um homem, meu filho, precisa ter raízes. Raízes profundas no chão, para que tenha o que comer e dar de comer aos seus filhos. Raízes na alma, para ter a quem pedir socorro nas horas difíceis e agradecer as graças recebidas. Raízes no coração, para ter a quem amar e ser digno de perdão. Raízes na família, para ter um lugar para onde voltar, depois de um dia de trabalho, ou de um século de guerra. Quem planta uma árvore pensando somente em ter um lugar onde amarrar sua rede, não é digno da rede, tão pouco da sombra que a árvore lhe proporciona. Antes de tudo, meu filho, é necessário preparar a terra, cuidar da semente e escolher o lugar ideal, para que a planta possa crescer forte e sadia. Só assim haverá a possibilidade de se colher bons frutos. Somos assim, meu filho, tal qual uma planta que precisa ser cuidada, regada e podada. A qualidade dos nossos frutos, dependerá do tempo que estivermos dispostos a ‘perder’ com eles”.
Conforme falava, seu semblante parecia retratar a imagem do pai. A emoção e o respeito misturavam-se em suas expressões. Levantou-se lentamente e sorriu. Respirou o frescor da sombra e olhou para cada um com os olhos da alma, e os viu novos, e se viu novo, como se ainda tivesse doze anos (...).

Do livro ‘O menino que queria voar’.

sábado, 9 de janeiro de 2010

O CICLO DA VIDA




A vida e a morte são eternidades que se completam.

Eu sou o teu Deus!
Munidos de corpo e espírito Eu os criei
Minha imagem e semelhança.
Para conhecerdes a mim,
basta conheceres a ti mesmo.
Olha dentro de si e verás minha luz.
Penetres na luz e encontrarás a tua essência;
E a tua essência é o amor.
Eu sou o amor!
E no amor, vos dei o livre arbítrio:
A livre escolha, entre o bem e o mal;
Entre o certo e o errado;
O dia e a noite;
A luz e a escuridão.
Se conheceres a ti, conhecerás a Mim.
Se conheceres a Mim, conhecerás toda a criação,
Que por amor, te foi dada.
Eu sou o teu Deus!
Eu sou a verdade.
E a verdade foi plantada dentro de ti,
Porque tu és semente de mim.
Da semente da verdade,
não brota a mentira nem o medo.
Não brota o mal nem a escuridão.
O fruto da minha semente
é fruto da verdade,
e o fruto da verdade é semente de mim.
Boas sementes dão bons frutos, e
bons frutos trazem na sua essência,
boas sementes.
Este é o ciclo da vida,
oculto nas faces da morte.
Sem morrer, a semente não germina,
Não mostra sua essência.
É na morte que a casca se rompe
E deixa-se mostrar
a vida contida em seu interior.
'Felizes são aqueles que, como semente,
deixam-se morrer,
para gerar vida aos amigos'.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

ANJOS EXISTEM?

Maria Clara - 14/08/96 - 20/09/02



Maria Clara sempre fez suas escolhas de amizade optando pelos mais humildes. Jamais a vimos relacionando-se com pessoas de um poder aquisitivo superior ao nosso pela aparência ou pelo fato desta pessoa possuir alguma coisa que a impressionasse. As pessoas envolviam-se com ela e eram cativadas pela sua personalidade forte e pelo seu carisma, envolto numa inexplicável nuvem de doçura e meiguice. Uma poderosa mistura que transcendia o natural e fazia-nos mergulhar despreocupadamente em seu pequeno, mas intenso mundo. Jamais subjugou ou excluiu alguém de suas relações por ser mais pobre ou mais rica, negra ou branca, adulta ou criança. Suas escolhas aconteciam naturalmente, num clima de confiança e amizade.
Muitas e muitas vezes a pegávamos brincando sozinha, tão envolta em suas fantasias que até pensávamos que os personagens que criava, realmente estavam à sua volta. Pareciam tão reais que se alguém que não a conhecesse, chegasse em casa e a ouvisse brincando em seu quarto, pensaria com certeza, que não estivesse só. A mais inusitada de suas “amiguinhas virtuais” chamava-se Genária. Sua companheira inseparável de todas as horas. Das mais tristes às mais felizes. Compartilhavam tudo: as bonecas, as brincadeiras, os sonhos, os choros.
Genária fazia parte de seu mundo, tão naturalmente, que certa vez tive a impressão de vê-la. Estávamos em uma pizzaria com toda a família. Havia muita gente entrando e saindo. Depois de alguns minutos a Maria pediu para ir ao banheiro. A fila estava enorme e ela disse que não aguentaria esperar mais. Disfarçadamente fomos até o estacionamento e nos “alojamos” entre os carros. Conversávamos alegremente como fazíamos sempre. De repente, ela soltou um grito e apontando em direção ao nada exclamou: “Pai! A Genária, pai! Minha amiga está aqui. É a Genária!” Virei-me rapidamente e tive mesmo a impressão de um vulto. Estava um tanto escuro e as luzes dos carros que passavam fora do estacionamento refletiam-se nos vidros. Olhamo-nos por instantes e em silêncio retornamos ao interior da pizzaria. Era como se um segredo houvesse sido desvendado. Nossos olhares se encontravam e ela parecia me dizer: “Era ela, pai, a Genária. Tenho certeza!” Não nos falamos pelo resto noite. O silêncio entre nós era inexplicavelmente profundo e repleto de cumplicidade. Ela, em seu mundo tão particular, exalava certeza em seus olhos. Eu, tentando entendê-la, absorvia na doçura de seu semblante, uma verdade que pertencia somente a ela, em seu impenetrável mundo de criança.
Nos dias que seguiram, um pensamento brotou fortemente em mim e acompanhou-me o tempo todo:
“Existem mesmo Anjos da Guarda?”

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

MATRIMÔNIO


Hoje é seu aniversário!
Quero dar-te um presente...que não passa.
Um presente eterno, que provém do eterno.
Quero dar-te o meu amor!
A confirmação que somos 'um',
Unidos pelos laços do sacramento do matrimônio.
Unidos pelo amor, construido nas cruzes
do nosso dia a dia.
Lapidado no fogo que nos consome: cristo!
***
Somos instrumentos de Deus!
Sou instrumento em tie tu és em mim.
Não há amor em ti, se não houver em mim.
Se sou amor, tenho que ser em ti, por ti e para ti.
Todo amor que habita em nós provém D’Aquele que nos criou no amor.
O amor humano e o divino, o carnal e o espiritual.
Somos um só corpo,
somos um só espírito.
Só alcançarei o céu através de ti.
E tu, só alcançarás o céu em mim.
Tu és o meu caminho para Deus,
e eu, o teu caminho.
Não sou nada sem ti,
e tu és nada sem mim.
Se eu perder o céu, tu perderás o céu.
Se tu perderdes o céu,
eu perderei o céu.
Mas se nos amarmos, veremos juntos o nosso Deus.