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Às vezes se faz necessário caminharmos contra a corrente para descobrirmos a nós mesmos. O exercício se resume em olhar nos olhos daquele que vem ao nosso encontro!

quarta-feira, 1 de junho de 2011

O PAPALAGUI - Um novo olhar sobre o mundo





Uma profunda reflexão pautada na simplicidade do olhar de um nativo


em relação a forma de vida escolhida pelo


homem moderno.



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(...) Diz o Papalagui:


¨A palmeira é minha¨, só porque está na frente da sua cabana. É como se ele próprio tivesse mandado a palmeira crescer. Mas a palmeira nunca é dele, nunca. A palmeira é a mão que Deus nos estende de sob a terra. Deus tem muitas mãos, muitas mesmo. Toda árvore, toda flor, toda grama, o mar, o céu, as nuvens que o cobrem, tudo isso são mãos de Deus. Podemos pegá-las e nos alegrar, mas não podemos dizer: ¨a mão de Deus é minha mão¨.
Tuiávii.


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Nesta obra, o autor Erich Scheurmann traduz os escritos de Tuiávii, um nativo da ilha de Upolu, na Polinésia, que em viagem pela Europa do século XIX sofre o impacto da diferença cultural existente entre o Papalagui (homem branco) e seu povo. O indígena escreve aos integrantes da sua aldeia (Tiavéa) contando suas experiências (aventuras) na convivência com os europeus e traça um perfil, a seu ver, de como é o mundo do homem branco, como ele vive, quais suas crenças, seus costumes, sua cultura e sua religião.

Com muita sabedoria e discernimento, tomando como base a cultura indígena e o aprendizado obtido junto aos missionários maristas, o protagonista faz um comparativo entre a forma de usufruir a vida adotada pelos papalaguis e a forma adotada pela tribo de onde se originou, levando-nos a uma reflexão profunda sobre a “verdadeira função” do homem sobre a terra.

Tuiávii não conseguindo reconhecer em que se baseiam os valores da comunidade européia descreve com autenticidade, veemência e convicção, o vestir, o morar, a forma de trabalho, de relacionamento e de comunicação adotada pelo papalagui. Descrição essa, que nos faz penetrar num mundo reflexivo, onde a ação humana exercida sobre seus semelhantes e sobre a natureza é, a seu ver, realmente questionável, pois aliena o homem a si mesmo, distanciando-o da sua essência: Deus!

Um choque cultural, que nos leva a rever nosso relacionamento com o trabalho, com os meios de comunicação, com o tempo, com o próximo e, principalmente, conosco e com Deus. Uma lição de vida, baseada na simplicidade de um coração autêntico, sem malícias, como o de uma criança, que perdida em seus sonhos, vendo um mundo novo surgir à frente de seus olhos, volta-se ao Pai e se lança em seus braços buscando refúgio e segurança.


Mesmo que, imersos no contexto desta obra, o “novo” lhe tenha causado “estranheza”; mesmo que a cultura do Papalagui seja completamente diferente da forma de Tuiávii ver o mundo, mesmo que o homem branco tenha o mesmo sentimento de estranheza em relação ao nativo e o choque cultural tenha provocado em ambos uma relativa “repulsão” aos seus costumes, vale a pena refletirmos sobre alguns conceitos, impregnados no cotidiano de nossas vidas, que muitas vezes nos leva ao ponto de nos abdicarmos de nós mesmos, dos nossos sonhos e, principalmente, da plenitude das relações com o outro, com a natureza e com Deus!


Pensemos nisso!