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Às vezes se faz necessário caminharmos contra a corrente para descobrirmos a nós mesmos. O exercício se resume em olhar nos olhos daquele que vem ao nosso encontro!

terça-feira, 31 de maio de 2011

O QUE É POSITIVISMO - Resenha Crítica




RESENHA CRÍTICA

Nivaldo Donizeti Mossato



RIBEIRO JÚNIOR, João. O que é positivismo. São Paulo: Brasiliense, 2003.



O autor João Ribeiro Júnior aborda neste texto, de forma expositiva, não só a história do positivismo e suas correntes de pensamento, ou seja, seus aspectos principais, como também a “religião da humanidade”, fundada pelo filósofo francês Augusto Comte, e, suas principais influências no mundo moderno.

Augusto Comte nasceu em Montpellier em 1798 e faleceu em Paris, em 1857, após ter desenvolvido metodicamente a teoria positivista e a ter registrado em volumosos compêndios, influenciado pelo progresso contínuo da ciência, onde doutrinava que o que é possível conhecer são unicamente os fenômenos e as suas relações, não a sua essência, as suas causas íntimas, quer eficientes, quer finais, pois é impossível ao homem alcançar noções absolutas.
Em sua concepção filosófica, Comte delineava que a essência do pensamento positivista baseava-se na humanidade, na ciência, síntese e fé, dominando desta forma, como método e como doutrina, o pensamento típico do século XIX. Como método, embasado na certeza rigorosa dos fatos de experiência como fundamento da construção teórica; como doutrina, como revelação da própria ciência, conteúdo natural de ordem geral que ela mostra junto com os fatos particulares, como caráter universal da realidade, como significado geral da mecânica e da dinâmica do universo.
Não procurar o “ porquê as coisas acontecem”, mas compreender “como elas acontecem”. Conhecer o mecanismo do mundo, ao invés de inventá-lo. Saber que a ciência não é mais que a sistematização do bom senso, que acaba por nos convencer de que somos simples espectadores dos fenômenos exteriores, independente de nós, e que não podemos modificar a ação destes sobre nós, senão submetendo-nos às leis que os regem.
O Positivismo é, portanto, uma filosofia determinista que professa, de um lado, o experimentalismo sistemático e, de outro, considera não científico todo estudo das causas finais, admitindo que o espírito humano só é capaz de atingir verdades positivas ou de ordem experimental, e que, não resolve questões metafísicas, não verificadas pela observação e pela experiência.
Estabelece a máxima unidade na explicação de todos os fenômenos universais pelo emprego exclusivo do método empírico, ou da verificação experimental, não assinalando à ciência mais do que o estudo dos fatos e suas relações, percebidos pelos sentidos exteriores.
Pode-se dizer que o positivismo é um dogmatismo físico, pois afirma a objetividade do mundo físico; e é um ceticismo metafísico, porque não quer pronunciar-se acerca da existência da natureza dos objetos metafísicos, pois é no estado positivo que o espírito humano reconhece a impossibilidade de obter noções absolutas.
Para embasar sua explicação da história, Comte fundamenta-se na “lei dos três estados”: o teológico-fictício, no qual o ser humano explica os fenômenos por meio de vontades transcendentes ou agentes sobrenaturais; o metafísico-abstrato, onde explica-se os fenômenos por meio de forças ou entidades ocultas e abstratas, como o princípio vital; e o positivo-científico, onde se explica os fenômenos subordinando-os às leis experimentalmente demonstradas.
Todas as ciências passaram pelos dois primeiros estados e só se constituíram ao chegar ao terceiro, pois o estado positivo é o termo fixo e definitivo no qual o espírito humano descansa e encontra a ciência, distinguindo assim, as ciências abstratas (matemática, astrologia, física, química, biologia e sociologia) das concretas (mineralogia, botânica e zoologia).
A doutrina positivista pode ser considerada sob os seguintes aspectos:
1- Psicológico: Inicialmente a psicologia, para Comte, fazia parte da biologia. Depois, destacou-a da biologia e a denominou de “moral teórica”, reputando a alma como sendo um conjunto de funções cerebrais.
2- Ontológico: Nega as causas eficientes e finais, o infinito e o absoluto. Reconhece apenas o relativo, o sensível, o fenômeno, o útil.
3- Sociológico e Religioso: Divisão dos poderes sociais em material, intelectual e moral, segundo uma nova classe social: os dirigentes (aqueles que influem na educação e na cultura: os sacerdotes, filósofos, cientistas,jornalistas, professores, etc.) e os dirigidos (aqueles que acatam essas influências).
Para Comte, as partes que compõem uma sociedade são heterogêneas, no entanto, solidárias, pois se orientam para a conservação do todo, do conjunto. Possui um ritmo evolutivo incompatível com a revolução violenta, e classifica sua estrutura social em dois campos principais:
1- Estática Social: Estudo da ordem social. O organismo social e suas relações com as condições de existência (Teoria da Ordem).
2- Dinâmica Social: Estudo da evolução social. Parte do conjunto para as particularidades e determina o progresso geral da humanidade.
Para Comte, nenhuma estrutura social é possível sem que esteja previamente determinada nos fatores biológicos, condicionados em cada indivíduo.
O Positivismo passa a enfrentar a sociedade individualista e liberal, partindo do princípio da “Ordem e Progresso”, e adotando a noção de solidariedade, substitui a idéia sobrenatural do “Direito” pela idéia natural do “Dever”, não reconhecendo nenhum direito além do de “cumprir o dever”, negando categoricamente a própria existência do “direito” como tal.
Para o positivismo de Comte, o homem não existe como individualidade, mas sim, como sociedade. A consciência não determina sozinha o modo de existência prática, como também, não bastam as condições materiais da vida para definir a consciência. Sua orientação é embasada no altruísmo: moral que nasce da fraternidade universal e se funda nos instintos, inclinando-nos para os outros.
A humanidade só pode viver em sociedade e só progride pelo sacrifício e pela dedicação; de forma que a lei que rege a existência humana é aquela que se resume em “viver para outrem”, onde a moral consiste na preponderância dos instintos altruístas sobre os egoístas, resultantes da educação e da ciência.
Para Comte, a humanidade é o Grande Ser, é o motor imediato de cada existência individual ou coletiva que inspira a fórmula máxima do positivismo: “O amor por princípios, a Ordem por base; o Progresso por fim”. Princípio este, decomposto em duas frentes usuais:
1-Moral e estética: Viver para outrem, onde o indivíduo é subordinado à família, e esta à pátria e a pátria à humanidade.
2-Política e científica: Onde a organização é a orientação ética da vida social.
Na dialética positivista, o amor procura a ordem e a impele para o progresso; a ordem consolida o amor e dirige o progresso; o progresso desenvolve a ordem e reconduz ao amor.
Desta inspiração altruísta, Comte criou a religião da humanidade, puramente natural, racional, científica e humana, que não admite mistérios, revelação, vontade sobrenatural e crença, cuja razão não lhe tenha podido demonstrar. Portanto, baseia-se no conhecimento do mundo, concorrendo para o aperfeiçoamento moral, intelectual e prático da humanidade, que é composta pelos mortos que adquiriram a vida subjetiva, pelos vivos que se esforçam para adquiri-la, e dos não-nascidos, que se supõe, devam adquiri-la.
Assim, une-se o passado (a humanidade que trabalhou), o presente (a humanidade que trabalha) e o futuro (a humanidade que trabalhará), representando a comunhão de todos os homens em contínua solidariedade no tempo e no espaço, pois, é na humanidade que o homem irá satisfazer sua necessidade real de um Deus, e seu desejo de imortalidade, realizando, acima de tudo, seu destino moral que é servir.
Na religião positivista a mulher é excluída da humanidade divinizada, ocupando uma função moderadora e uma única missão: a de amar. Ela é tida como uma providência moral que sustenta todas as demais providências.
A força geral da sociedade é o proletariado, que forma a opinião pública e se liga à força espiritual do sacerdócio, classe mais importante do Estado positivista, que não são teólogos, e sim, sociólogos.
No sacerdócio há três estágios determinados por idades:
1- Os aspirantes: Com no mínimo 28 anos.
2- Os vigários ou suplentes: Com pelo menos 35 anos
3- O sacerdotes, acima de 42 anos, que exercem o tríplice ofício de conselheiro, consagrador e regulador nas famílias e cidades.
O casamento é obrigatório, pois, não se pode ser dignamente preenchido sem a influência contínua da mulher sobre o homem.
O patriciado é a classe detentora do poder temporal, dominando a capacidade industrial e suas diversas divisões, tais como: banqueiros, comerciantes, fabricantes e agricultores, respeitando essa classe hierárquica.
O sumo sacerdote delega a conduta material ao patriciado e este dispõe obediência à direção do sacerdócio, de modo que o indivíduo não possui a liberdade de julgar o comportamento político-social, devendo confiar nas exortações morais do sacerdócio, substituindo seus direitos por deveres.
Há dois tipos de culto na religião positivista:
1-O culto privado: Compõe-se de duas partes distintas; uma pessoal e outra doméstica.
2-O culto público: Realizado na igreja positivista.
Há nove sacramentos na religião da humanidade:
1- A apresentação do recém-nascido.
2- A iniciação, quando com 14 anos passa-se da educação materna à instrução sacerdotal.
3- A admissão, aos 21 anos autoriza-se a servir a humanidade.
4- A destinação, aos 28 anos ocorre a outorga da investidura do ofício especial.
5- O casamento, que é obrigatório e indissolúvel, mesmo com a morte de um dos cônjuges.
6- A maturidade, aos 42 anos o homem entre em plena posse das suas forças físicas e mentais, tendo mais 21 anos para realizar seu destino.
7- O retiro, aos 63 anos, o homem é retirado da sociedade ativa e terá direito ao repouso.
8- A transformação ou purificação, que vem a facilitar a incorporação.
9- A incorporação, que é a recompensa do fiel positivista, composta somente por “mortos dignos de sobreviver”.
Assim, a religião positivista parte do concreto para o concreto, e não do concreto para o abstrato, para fornecer os princípios da regeneração das sociedades, propondo não o devotamento a outros homens, mas a um fim superior a qualquer individualidade: o Grande Ser, a humanidade.

No Brasil, a nossa bandeira, com seu “Ordem e Progresso”, mostra o quanto a doutrina positivista teve aceitação, mesmo entre nossos republicanos históricos, devendo ainda a reestruturação do ensino, a separação da igreja e do Estado, a liberdade de cultos e a semente da legislação trabalhista, repercutindo e influenciando nossa cultura literária e científica.

Completando o incurso que o autor promove em seu texto sobre o positivismo de Comte, a religião da humanidade e suas correntes de pensamento, observamos a performance literária descrita de forma a se posicionar a um público mais específico, restrito à formação superior, embasada em uma linguagem não popular, que requer uma visão reflexiva para seu entendimento.
Embora não traga em si uma linguagem de senso comum, o autor não permite que a temática se perca ao longo do texto, e, procura justificá-la com embasamento científico, deixando transparecer a idéia central do pensamento a quem se refere, citando de forma original parte dos escritos Comtinianos, refletindo seus principais pensamentos.
Desta forma, há uma seletiva em seu enfoque, sendo a leitura destinada ao estudo de um contexto histórico, num processo de formação complementar, onde o leitor, de forma a agregar em si o conhecimento, possa ampliar a visão do positivismo em relação ao mundo social proposto por Augusto Comte.

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segunda-feira, 2 de maio de 2011

GANHADOR DO LIVRO DO MÊS DE ABRIL


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Keyla, por favor, entre em contato conosco para receber seu brinde: O AMOR É UMA ARTE - A fraternidade como instrumento pedagógico.


Este livro relata as experiências de um grupo de adolescentes numa escola pública, onde, vivenciando os aspectos da "Arte de Amar", transformaram vários aspectos de suas vidas. Vale a pena conhecer!


O livro sorteado no final do mês de maio será: A clara LUZ de Chiara Luce; de Michele Zanzucchi. Editora Cidade Nova, 2004.


Aguardo vocês!