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Às vezes se faz necessário caminharmos contra a corrente para descobrirmos a nós mesmos. O exercício se resume em olhar nos olhos daquele que vem ao nosso encontro!

quarta-feira, 14 de julho de 2010

O PESO DA CRUZ


Nos últimos anos, muito tenho pensado sobre minha vida de cristão, meu relacionamento com os irmãos e com a igreja.
Dúvidas e mais dúvidas vão surgindo e, na medida em que vou me aprofundando nas reflexões e na vivência do evangelho, pareço compreendê-las um pouco melhor; sem com isso, pensar-me um ser perfeito ou santo.

No entanto, há uma que, sinceramente, tem me tirado o sono: qual era realmente o peso da cruz de Cristo? Ou ainda: poderia um homem suportar o peso desta cruz por tão longo caminho, até o calvário?

Li e reli várias vezes os evangelhos à procura de uma pista e, nada. Horas e horas de pesquisa na internet e, só consegui algumas ‘sugestões’ que, sem uma âncora na verdade, não passam de ‘possibilidades’. Certeza mesmo, nenhuma.

Entre uma reflexão e outra, uma pergunta: (...) e qual a importância disso? E outra: (...) o que mudaria na minha vida de cristão se a cruz tivesse 45 quilos, em vez de 60, 70 ou até mesmo 80 quilos? E mais: (...) estaria eu ‘leiloando’ minha fé ou minha prática cristã de acordo com o peso da cruz de Cristo? Afinal de contas, de que ‘peso’ estamos falando?

Nossas convicções pessoais, os mitos familiares, a influência dos meios de comunicação, o regramento sócio-cultural, e, principalmente o capitalismo, muitas vezes, tem-nos encurralado num individualismo cada vez maior, impedindo-nos de compreender, com profundidade, o significado da ‘cruz de Cristo’, ou melhor, do seu real ‘peso’. (O que tem o individualismo a ver com isso? Você entenderá!)

Outro dia, num colóquio com um amigo, quando comentava sua experiência de vida, entre uma frase e outra, quase que tentando justificar seu ponto de vista, ele me falou: (...) não podemos ser um peso para as pessoas, ou mesmo, deixar que nossos projetos ou ações o sejam (...).
Imediatamente perguntei-lhe: de que peso você está falando? De que maneira podemos saber se somos realmente um peso na vida de alguém?

Quanto pesa um senhor com mais de 80 anos, doente, acamado por quase um ano, inválido, que com seu suado trabalho, no cotidiano da vida, criou honestamente sete filhos? Eu lhe respondo, caro amigo: para cada filho, haverá um peso. Para uns, será o peso de uma pluma. Para outros, de um elefante. Para outros, ainda, o peso será tanto, que se tornará impossível carregá-lo. Tudo depende do quanto você ama!

A cruz é assim: depende do quanto você a ama!
Caso estejamos falando do seu peso em quilograma, e, hipoteticamente, estivermos pensando em 60 quilos, no início de uma jornada, a cada passo dado, a sensação deste peso será alterado, na medida em que nossas resistências físicas forem alteradas. No caso de Jesus, por exemplo, o Cireneu, obrigado pelos centuriões, aliviou-lhe este peso, por quase todo caminho, até o calvário.
Podemos tirar daqui uma lição muito simples, mas eficaz: quanto mais pessoas nos ajudarem a carregar nossas cruzes, mais leves elas se tornarão. Ao fechar-me em minha dor, maior será sua intensidade. Se a compartilho, no amor, serei aliviado.

Afinal de contas, de que ‘peso’ estamos falando?
Por exemplo: qual o peso, para mim, do seus pecados? E os meus? Quanto pesam para minha família ou para minha comunidade?

Cristo tomou para si, todos os pecados do mundo, na sua paixão e morte. Na ressurreição, os restaurou à plena vida. Ele pagou com a própria vida os pecados de toda humanidade.
Eu lhe pergunto, caro amigo: quanto ‘pesou’ para Cristo o seu pecado?
Eu lhe respondo: tudo depende do quanto você ama!

Quando amamos, o outro não nos é um peso, é uma dádiva! O seu sofrer é meu, pois mergulho em sua realidade, para encontrar nela o Cristo vivo, que restaura e liberta. A sua dor é minha, pois ao fazer-me um(ª) com ele, dividimos a dor e ela se transforma em amor. Não somos nós que a transformamos, mas o Cristo entre nós que a transforma.

Quando não amamos, o outro não nos é uma dádiva, é um peso, uma infindável cruz, que arrastamos por toda eternidade!
O individualismo nos leva ao desamor, pois exprime a ausência do outro. Sem a presença do outro, Cristo não se revela. Sem Cristo, não há ressurreição. Portanto, sem o outro, o que nos resta é o peso da cruz, a ausência de Cristo, a solidão mais profunda que um ser poderia experienciar.


"Quem não tomar a sua cruz para me seguir não pode ser meu discípulo." Lc 14,27.



ª(Fazer-se um) Expressão utilizada por Chiara Lubich, fundadora do Movimento Focolare, para exprimir a síntese da Iª Carta de São Paulo aos Coríntios 16,19-22. (...) Eu que, sendo totalmente livre, fiz-me escravo de todos para ganhar a todos. Fiz-me judeu com os judeus a fim de ganhar os judeus. Com os que viviam sob a lei fiz-me como se estivesse submetido a ela, não o estando, para ganhar os que sob a lei estão. Com os que estão fora da lei fiz-me como se estivesse fora da lei, para os ganhar, não estando eu fora da Lei de Deus, senão sob a Lei de Cristo. Com os fracos, tornei-me fraco, para ganhar os fracos; fiz-me tudo para todos, para por todos os meios salvar alguns (...).














CUIDADO COM AS CRUZES PEQUENAS E LEVES: DEPENDENDO DA SITUAÇÃO, DE NADA LHE SERVIRÃO!!!

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