Há vinte e quatro anos caminhamos juntos. Os
caminhos que percorremos fizeram nossa história, e nós fizemos nossos caminhos.
Os construímos passo a passo, enquanto eles nos construíam e nos permitia,
respeitando nossa individualidade e nossa unicidade, construirmo-nos
mutuamente: eu em ti, e tu em mim. Fomos nos moldando, sendo um, lapidando nossas
arestas, nos conhecendo... Sendo! Quantas vezes desfrutamos juntos das alegrias
que nossa estrada nos proporcionou, e, quantas vezes, cegos por afetos doentios
beiramos o precipício. E caímos! E como a fênix que ressurge das cinzas, recomeçamos... recomeçamos... recomeçamos! Este é um dos pontos fortes da nossa relação: a nossa capacidade de recomeçar.
Costumo dizer que nossa história já estava escrita
nas estrelas. Entretanto, sei que são nossas escolhas que definem seu enredo e
que há um ‘fio de ouro’ que nos conduz ao ‘como’ dessa experiência que fazemos
juntos e que nos permite olhar para uma mesma direção, mesmo que por formas
diferentes de ver; e esse é o nosso segredo: deixar o outro ver! Permitir que o
outro seja!
Sei que nem sempre é possível aceitar-te como és.
Porém, escolho-te assim, todos os dias, pois esforças para aceitar-me como sou, mesmo quando
não sou como pretendias que eu fosse. E quantas vezes a fiz chorar por isso! E
quantas vezes chorei por fazer-te sofrer! Mas companheiros de viagem são assim
mesmo: às vezes nos dizem verdades que preferíamos não ouvir, mas que são
necessárias para permanecermos no caminho. E permanecemos! Persistência é outro aspecto que desenvolvemos.
Entretanto, nossa história não é feita só de nós
dois. Há tantas pessoas envolvidas que não caberiam nessas linhas. Há pessoas
que chegaram. Há pessoas que partiram. Há pessoas que ficaram. Mas todas nos
marcaram! Dos entes queridos ao mais distante. Do nobre amigo àquele que simplesmente passou. Dos filhos
que eu trouxe na bagagem aos seus familiares que os receberam como seus; o que lhes
sou imensamente grato. Essa é outra característica da nossa viagem: não
apagamos as marcas do caminho. As pegadas na areia fazem sentido tanto quanto as
freadas no asfalto: elas nos ensinam a viver. Estamos aprendendo!
Não apagar as marcas do caminho, ao contrário do
que possa parecer, não é guardá-las na lembrança ou remoê-las em mágoas. É
ressignificá-las. Dar a elas o sentido do momento presente e deixar que tomem
seu devido lugar. Passado é passado quando o deixamos livre, sem apego, para
que, ao seu tempo, tome seu devido espaço em nosso existir. Respeitar o passado
do outro é valorizar sua história e confirmar sua essência. Só assim podemos
aprender cada lição que a vida nos dá sem termos fantasmas rondando nosso
momento presente. Este é outro ponto forte do nosso encontro: deixas-me livre,
pois confias no que há entre nós. A liberdade de ser eu mesmo me faz querer
voltar para casa todos os dias. Ah! Como é bom ter para onde voltar! Ah! Como é bom saber que estás à minha espera!
Talvez seja reticente dizer-lhe o quanto a amo,
pois esforço-me cotidianamente para que dizer não seja preciso. Sei que talvez
já estejas cansada de ouvir. Mas algo de mágico acontece quando, de um nada,
conversamos horas a fio. Não precisamos motivos, desculpas ou ocasiões
especiais. O diálogo é um dom que nasceu e se desenvolveu entre nós. Creio ser
este outro ponto forte da nossa relação: fazer-se presente à fala do outro.
Fazer-se ouvidos e penetrar na experiência daquele(a) que caminha ao nosso
lado, com interesse e intencionalidade. Estar ali faz toda diferença.
Escolhemos estar ali. Queremos estar ali. Afinal, esta é a nossa viagem. A
santa viagem que decidimos fazer juntos.
Obrigado, companheira de viagem, por um dia ter cruzado meu caminho e decidido caminhar comigo sem mesmo saber qual seria o destino. Obrigado por fazer-me acreditar que o caminho se faz caminhando... Caminhando!
Caminhar ao seu lado é a minha escolha, querida companheira de viagem!
ad eternum:
Nivaldo e Inês Mossato
Desde 09/12/1989
Obrigado, companheira de viagem, por um dia ter cruzado meu caminho e decidido caminhar comigo sem mesmo saber qual seria o destino. Obrigado por fazer-me acreditar que o caminho se faz caminhando... Caminhando!
Caminhar ao seu lado é a minha escolha, querida companheira de viagem!
ad eternum:
Nivaldo e Inês Mossato
Desde 09/12/1989
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