Mais
de oitenta professores da rede estadual de ensino das cidades de Flórida e
Lobato-PR participaram do Workshop ‘Escola e Relações Humanas: Uma Interface
Psicológica com o Saber e a Ação’.
Integrando
a Semana Pedagógica, o evento ministrado pelo Psicólogo Nivaldo Mossato foi
realizado durante todo o dia 26 de julho de 2013 nas dependências do Colégio
Estadual Professora Denise Cardoso de Albuquerque, em
Flórida-PR, que, atendendo ao convite da professora Rosalina Moreira, teve
como objetivo motivar e instrumentalizar os professores, através de vivências
relacionais, a buscarem um novo e possível caminho nas relações intra e
interpessoais.
Para Martin Buber, filósofo judeu (1878 – 1965), o “processo educativo deve privilegiar a conversa e a cooperação entre as
pessoas. Saber se relacionar é mais importante do que ser individualmente
bem-sucedido. A relação Eu-Tu é um ato essencial do homem, atitude de encontro
entre dois parceiros na confirmação mútua (...). Essa união tem como
pressuposto o nós e só existe se houver diálogo”.
Esses
foram os princípios norteadores do workshop que trouxe, através de dinâmicas de
interação e introspecção, a possibilidade de que os professores pudessem
vivenciar dois grandes encontros: consigo e com o Outro; como relata a
professora Maria Andreia Vicentim Cesnik do Colégio Estadual Professora Denise
Cardoso de Albuquerque, de Flórida-PR: “O
encontro foi muito significativo, através dele pude enxergar o outro com um
novo olhar. Estou colocando em prática tudo o que aprendi. Aprendi a me
relacionar melhor com todos inclusive com minha família. Levou-nos a refletir
sobre a vida, sobre o novo e sobre as mudanças do mundo e, desta forma, somente
ampliando nossa visão é que poderemos nos relacionar melhor com os outros”.
O
evento foi desenvolvido de forma a promover a construção de um pensamento que,
aos poucos, foi sendo experienciado e compartilhado. Assim, cada participante
pode, além da própria vivência, penetrar na experiência do Outro, ampliando sua
compreensão sobre o ‘todo’ do universo ali criado, suplantando sua percepção e,
dialeticamente, contribuindo para o desenvolvimento dos demais participantes.
A professora Erlines Aparecida
Geraldo de Lima avaliou o encontro como uma “reflexão para que pudéssemos mudar a nossa prática pedagógica. O
palestrante conseguiu prender a atenção do público e mostrou que nós temos que
nos colocar no lugar do outro para entendê-lo. Precisamos nos conhecer melhor
para termos um bom relacionamento com as outras pessoas”.
O
psicanalista, educador, teólogo e escritor brasileiro Rubem
Alves descreve o processo de aprendizagem como sendo a “educação dos sentidos”,
processo pelo qual “captamos” o mundo exterior e o transformamos no nosso mundo
interior. Quando esse processo não se desenvolve adequadamente, criamos no educando
barreiras ao aprendizado, bloqueando suas potencialidades e suas possibilidades
de aprender. Para o autor, desenvolver os sentidos é o primeiro passo para o
bom aprender. Ensinar a ‘ver’ é a tarefa primeira do educador. A criança que
não vê, não ouve, não sente, não capta o mundo exterior e não o decodifica.
O workshop levou os professores a compreenderem que a
criança não é um ‘ser’ na sala de aula, ela é um ‘ser-no-mundo’. O mundo do
educando não se resume às paredes da escola, e, é preciso compreendê-lo nesse
‘todo’ que o envolve e que o transcende.
É tarefa do professor ir além do que vê e percebe em sala de aula. É preciso
criar na relação com o aluno um vínculo que o permita ‘alcançar’ as
necessidades do educando, sem que se perca a postura de educador; e isso só é
possível quando estamos adequadamente preparados para delimitar os espaços
Eu-Outro, Eu-Mundo, numa atitude acolhedora do Outro como um todo, não como um
fragmento idealizado de realidade.
A Pedagoga Silvia Gomes Davidoski da Escola Estadual
Osvaldo Aranha de Lobato-PR assim descreveu o evento: “O Workshop superou todas
as minhas expectativas. Aprendi muito sobre relacionamentos e vou levar para a
minha vida profissional e particular. Foi um dia agradável de muita interação,
reflexão e aprendizagem. (...) os ensinamentos e exemplos de vida despertaram
em nós um novo olhar e a determinação em transformar o dia-a-dia em algo melhor”.
A escritora Clarice Lispector, em sua obra “A paixão segundo
G.H.”, transcende a percepção do óbvio do cotidiano que nos envolve e nos leva
a refletir sobre o ‘não dito’, aquilo que se esconde entre uma palavra e outra,
entre um número e outro, entre um fato e outro fato, buscando compreender o
‘entre’, a alma que envolve o encontro de duas ou mais pessoas, o divino
mistério que envolve um verdadeiro encontro.
Assim descreve: “(...) entrei no inexpressivo que sempre foi minha
busca cega e secreta (...). Entrei naquilo que existe entre o número um e o
número dois (...). Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos
existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um
intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir – nos interstícios
da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo
(...).”
Esta é a missão de cada educador: penetrar no ‘entre’,
naquele espaço misterioso que transcende a relação professor/aluno e descobrir
o ‘novo’, que não é um, nem outro, que não é o professor nem o aluno, mas que
os contém em perfeita relação. Um encontro capaz de fazer fluir o amor pelo
‘querer saber’, pela necessidade de aprender que não brota do ‘querer ensinar’,
mas do encontro entre pessoas que se confirmam e se respeitam.
Essa missão parece brotar na avaliação da Professora Ailder Sofia Toaldo
Cunha de Lobato-PR: “As dinâmicas contribuíram para auxiliar nas decisões
enquanto professora, onde tenho que rever minhas atitudes frente ao aluno com
dificuldades. Também saber até onde devo ir para não invadir o espaço dos que
me rodeiam dentro da escola e no meio em que estou inserida”.
Para Matilde
Cesnik do Colégio Estadual Professora Denise Cardoso de Albuquerque o encontro foi
marcado por uma profunda “reflexão sobre
o nosso trabalho como profissionais da educação. Despertou-nos para procurarmos
inovações buscando assim novas metodologias de ensino, contribuindo para o
êxito do processo de ensino e aprendizagem”.
O psicólogo humanista Carl Rogers ao descrever o vínculo
necessário para que haja a aceitação do
Outro, com toda sua desigualdade e unicidade, revela que: “entrar realmente no mundo do outro, com aceitação,
cria um tipo de vínculo muito especial que não se compara a nenhuma outra coisa
que eu conheça”. O caminho encontrado para
que se construa um vínculo com tamanha magnitude, passa, com toda certeza, pela
compreensão de um dos principais dilemas da existência humana: somos únicos,
porém, semelhantes.
Compreender e aceitar o Outro em sua unicidade é, portanto,
o caminho primeiro para estabelecer um forte vínculo que nos possibilite
penetrar sua experiência e alcançá-lo em sua verdadeira necessidade de aprender
e se relacionar. O espaço do aprendizado é aquele que, ainda vazio, pode ser
preenchido pelo ‘novo’, pelo diferente, de forma criativa e motivante.
Entretanto, o vazio do aprendizado não se refere ao vazio do
‘nada’. Refere-se a um ‘vazio criativo’ onde o novo não só preenche uma lacuna,
como também transforma o ‘já dito’ em uma nova experiência repleta de
possibilidades e potencialidades. É a redescoberta do sabor do saber. É como se
fôssemos um copo com um terço de seu volume abastecido com água. Os outros dois
terços do copo representam nosso ‘vazio criativo’. Ao receber um conteúdo novo,
como por exemplo, algumas gotas de tintura, não só recebemos o ‘conteúdo tinta’,
mas também ressignificamos o conteúdo já existente: agora água colorida. Este
novo conteúdo, além de ressignificar o ‘já dito’, abre-nos novas possibilidades
de ser e existir no mundo.
Para a
professora Andressa Bilha Guari além de motivador o encontro “ fez com que eu tivesse um olhar diferente
para os meus alunos. Assim posso conhecê-los melhor e ajudá-los em suas
dificuldades. O encontro me ajudou a ter um bom relacionamento com o próximo”.
Um conteúdo novo, quando compartilhado com sabedoria,
transforma não só a forma de entender do Outro, como também transcende o seu ‘ser
pessoa’ e alcança novas dimensões onde ela está inserida: sua família
e seu meio social. É a percepção deste ‘novo todo’ que nos impulsiona a
promover mudanças, como relata a professora Ana Gabriela Diniz: “O
encontro foi maravilhoso. Através dele, adquiri conhecimentos muito relevantes
para a minha prática na sala de aula e a partir desse dia, comecei a trabalhar
mais dinâmicas para conhecer melhor os meus alunos. Aprendi também a separar a
vida pessoal da profissional”.
Rosana de Paiva Leoni relata que “o encontro foi marcante. Aprendi muito com o
meu “eu” e me senti muito amada. Descobri o quanto sou especial para minha
família, meus amigos e alunos”.
Para
construir um conhecimento e transmiti-lo de forma a ser receptivo pelo educando o educador precisa transcender o conteúdo, fazê-lo
novo. A única forma de consegui-lo é fazendo-se presente na relação, é
tornando-se ‘parte integrante’ do conteúdo trazendo este para o mundo real, palpável,
usual, no aqui-agora do aluno. E o aqui-agora do aluno é o seu momento
presente, a sua realidade nua e crua, com todos seus sonhos e pesadelos, com
todo seu potencial, e também, com toda sua falta.
Para que isso ocorra faz-se necessário ultrapassar os muros
da escola e alcançar as famílias dos alunos, formando parcerias possíveis que
possam dar sustentação às reais necessidades emergentes de cada lado da
operação escola/família, onde, cada parte, possa comprometer-se com um objetivo
comum: dar ao aluno a educação (família) e o conhecimento (escola) necessário
para seu desenvolvimento.
Fomentando esses propósitos, pautados na compreensão que
somos seres afetivo-relacionais, interdependentes, somos impulsionados a nos
desprendermos de uma visão tão somente consumista e materialista para nos
embrenharmos num saber holístico, coletivo e dialético, onde o todo é maior que
a soma das suas partes, e que, tudo está interligado a tudo e nada acontece por
acaso.
É como comentou a Professora
Leny Prado F. Gondolfo “(...) fomos impulsionados a uma proposta de
transformação, a um viver em comunhão com Deus e com o próximo, buscando uma
vida mais plena e feliz”.
Este é, portanto, o real objetivo deste workshop:
levar as pessoas à compreensão de que a vida nada mais é que dois grandes
encontros, onde um não ocorre sem que o outro ocorra, dialeticamente – Eu-comigo
e Eu-contigo!
Nivaldo Mossato - CRP 08/17541 - é escritor e psicólogo
clínico, escolar e organizacional. Atende no
CEADI - Centro de Estudos e Apoio ao
Desenvolvimento Integrado, situado na Rua
Arthur Thomas, 819, centro - Maringá - PR
Fone (44) 3222-9724
e-mail: contato@nivaldomossato.com.br
site: www.nivaldomossato.com.br
Mais
de oitenta professores da rede estadual de ensino das cidades de Flórida e
Lobato-PR participaram do Workshop ‘Escola e Relações Humanas: Uma Interface
Psicológica com o Saber e a Ação’.
Integrando
a Semana Pedagógica, o evento ministrado pelo Psicólogo Nivaldo Mossato foi
realizado durante todo o dia 26 de julho de 2013 nas dependências do Colégio
Estadual Professora Denise Cardoso de Albuquerque, em
Flórida-PR, que, atendendo ao convite da professora Rosalina Moreira, teve
como objetivo motivar e instrumentalizar os professores, através de vivências
relacionais, a buscarem um novo e possível caminho nas relações intra e
interpessoais.
Para Martin Buber, filósofo judeu (1878 – 1965), o “processo educativo deve privilegiar a conversa e a cooperação entre as
pessoas. Saber se relacionar é mais importante do que ser individualmente
bem-sucedido. A relação Eu-Tu é um ato essencial do homem, atitude de encontro
entre dois parceiros na confirmação mútua (...). Essa união tem como
pressuposto o nós e só existe se houver diálogo”.
Esses foram os princípios norteadores do workshop que trouxe, através de dinâmicas de interação e introspecção, a possibilidade de que os professores pudessem vivenciar dois grandes encontros: consigo e com o Outro; como relata a professora Maria Andreia Vicentim Cesnik do Colégio Estadual Professora Denise Cardoso de Albuquerque, de Flórida-PR: “O encontro foi muito significativo, através dele pude enxergar o outro com um novo olhar. Estou colocando em prática tudo o que aprendi. Aprendi a me relacionar melhor com todos inclusive com minha família. Levou-nos a refletir sobre a vida, sobre o novo e sobre as mudanças do mundo e, desta forma, somente ampliando nossa visão é que poderemos nos relacionar melhor com os outros”.
A professora Erlines Aparecida Geraldo de Lima avaliou o encontro como uma “reflexão para que pudéssemos mudar a nossa prática pedagógica. O palestrante conseguiu prender a atenção do público e mostrou que nós temos que nos colocar no lugar do outro para entendê-lo. Precisamos nos conhecer melhor para termos um bom relacionamento com as outras pessoas”.
Assim descreve: “(...) entrei no inexpressivo que sempre foi minha busca cega e secreta (...). Entrei naquilo que existe entre o número um e o número dois (...). Entre duas notas de música existe uma nota, entre dois fatos existe um fato, entre dois grãos de areia por mais juntos que estejam existe um intervalo de espaço, existe um sentir que é entre o sentir – nos interstícios da matéria primordial está a linha de mistério e fogo que é a respiração do mundo (...).”
É como comentou a Professora Leny Prado F. Gondolfo “(...) fomos impulsionados a uma proposta de transformação, a um viver em comunhão com Deus e com o próximo, buscando uma vida mais plena e feliz”.
Nivaldo Mossato - CRP 08/17541 - é escritor e psicólogo
clínico, escolar e organizacional. Atende no
CEADI - Centro de Estudos e Apoio ao
Desenvolvimento Integrado, situado na Rua
Arthur Thomas, 819, centro - Maringá - PR
Fone (44) 3222-9724
e-mail: contato@nivaldomossato.com.br
site: www.nivaldomossato.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário