Maria Clara no Show do GEN VERDE* - Maringá, maio 2002
Era julho de 2.002. A copa do mundo já havia começado. A novela global lançava mais uma ‘febre’ no mundo da moda: lencinhos amarrados na cabeça.
Maria Clara, minha filha caçula, na época com seis anos, lutava contra um linfoma que colocava sua vida sob um fio de navalha.
Devido a várias sessões de quimioterapia seus cabelos haviam caído, deixando-a carequinha. Naquele fim de semana ela foi convidada para uma festinha de aniversário de uma das suas coleguinhas.
Priscila, uma de suas irmãs, preocupada com o impacto que as amiguinhas teriam com a presença da Maria, trouxe-lhe vários lencinhos de cabeça de presente.
Curiosa, a Maria logo perguntou:
- Tata, o que é isso?
- São lencinhos pra colocar na cabeça. É a última moda, sabia?! Todo mundo está usando, e você vai ficar linda com eles!
A Priscila colocou um lencinho na cabeça da Maria Clara, amarrou e fez muitos elogios:
-Ficou lindo! Você vai arrasar! Vai fazer o maior sucesso.
A Maria ficou toda faceira. Olhou no espelho, virou pra cá, virou pra lá e, após alguns instantes em silêncio, falou:
-Tata, quem gosta de mim, vai gostar de mim de qualquer jeito. Eu não quero usar nada na cabeça. Tô legal assim.
Acredito que para não desmerecer o presente ou deixar a irmã triste, naquele dia ela foi à festinha com o lenço. No entanto, chegou em casa sem ele. Nunca mais o usou.
Sempre me recordo daquele dia e das lições que aprendi com ele. Há também um outro registro numa das páginas amareladas da minha agenda daquele dia: ‘Hoje aprendi que para amar o outro, verdadeiramente, se faz necessário irmos além das aparências, crenças ou estado de humor. A maior virtude não está em amar quem nos é afetuoso, mas em amar nossos inimigos. Nisso consiste a misericórdia’.
*GEN VERDE é um grupo musical (Movimento Focolare) formado por pessoas de diferentes etnias que, vivendo o amor recíproco, leva uma mensagem de unidade ao mundo inteiro.
http://www.youtube.com/watch?v=ck_vB01a7Vo&feature=related
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